Disciplina - Filosofia

Ética e felicidade em Aristóteles - Encaminhamento

1ª Aula:

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Video-clipe
Abra a felicidade



Introdução ao tema através da exibição do video-clipe Abra a felicidade.

Solicitar aos alunos que identifiquem os elementos visuais (praia, pôr-do-sol, jovens, instrumentos musicais e equipamentos, pranchas e skates, “piscina” e engradados) presentes no video-clipe e o tema da música (felicidade).

Apresentar as questões abaixo para a realização de debate:
  • Qual é o discurso presente na letra da música?
  • A melodia inicial da música remete a algo presente no cotidiano?
  • Na composição do cenário, há alguma cor predominante? Qual é o sentido implícito na escolha da cor? O que ela representa?
Espera-se que no debate os alunos identifiquem que o discurso presente na letra da música aborda o tema da “curtição” e da felicidade e a busca por ela. A melodia destacada no início do vídeo-clipe é exclusiva da marca Coca-Cola e utilizada nas variadas campanhas da marca. A cor vermelha está presente em diversos elementos (óculos, roupas, “piscina”, equipamentos, engradados e enfeites) e faz referência à Coca-Cola. Mesmo sem menção direta ao produto, os elementos audiovisuais apresentados no vídeo-clipe remetem ao seu consumo, associando-o ao bem estar.

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Abra a felicidade
(Cartaz Coca-Cola)


Mostrar a imagem Abra a felicidade (cartaz Coca-Cola).
  • O que significa “abrir a felicidade”? O que a felicidade é que pode ser “aberta”?
A expressão “abrir a felicidade” aparece em várias campanhas da Coca-Cola e traz a ideia de que o mero ato de abrir uma lata ou garrafa proporciona o encontro do indivíduo com a felicidade almejada. Porém a felicidade não é um produto que pode simplesmente ser aberto e o seu alcance não deve estar vinculado ao consumo.

Perguntar aos alunos a compreensão que eles têm do termo ideologia. Introduzir aos alunos o conceito de Ideologia.
Neste momento é importante se ater às respostas dos alunos, observando as noções de ideologia que eles possuem, para conduzir a aula à explicação do conceito. Nesta introdução ao termo o professor pode expor que a ideologia é compreendida pelo senso comum como algo ideal ou um conjunto de ideias e pensamentos que regem as ações.

2ª Aula

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Happy Day


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McDonald's


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O que faz você feliz?


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Você está aqui para ser feliz



Definir o conceito de Ideologia e exibir as peças publicitárias selecionadas.
Retomar a ideia comum de ideologia e explicar que na filosofia este conceito possui um sentido crítico, sendo considerado um meio de dominação que age por meio do discurso. Assim, a ideologia oculta a realidade, criando uma falsa consciência, e apresenta uma mera aparência aos que por ela se deixam levar, dividindo as classes e acentuando a figura do dominante e do dominado.

A exibição das peças publicitárias permite a identificação de discursos ideológicos:

Comercial

Possibilidades de abordagem

Happy Day Conceito de família
McDonald's Mesmo com o avô relatando toda a felicidade de sua infância, o neto pergunta se em sua época existia McDonald's. Uma infância feliz está associada às brincadeiras ou à necessidade de consumo?
O que faz você feliz? O que traz a felicidade?
Você está aqui para ser feliz Finalidade da vida

Questionar os alunos sobre o tema predominante nas campanhas publicitárias e seu objetivo.
Novamente o tema presente nas campanhas é o da felicidade aliado ao consumo. O objetivo destas campanhas é relacionar o produto oferecido com o bem estar. Cabe novamente a questão sobre a necessidade do consumo para sentir-se bem. A campanha do McDonald's explicita isso com a pergunta final que o neto faz ao avô e sua reação ao ouvir a resposta.

Reunir os alunos em grupos compostos por até quatro membros para que respondam as seguintes questões:
  • Qual é o discurso ideológico presente nas campanhas?
  • Qual é o objetivo da vida?
  • O que o ser humano precisa para ser feliz?
  • A felicidade é associada ao consumo?
  • O que significa a palavra “felicidade”?
  • Onde podemos encontrar a felicidade?
  • O que nos faz verdadeiramente felizes?
Espera-se que os alunos identifiquem que as campanhas apresentam um conceito de felicidade ligada ao consumo, tal como exposto na primeira aula. Eles podem explicitar que o objetivo da vida é ser feliz e, para isso, muitos tendem a acreditar que é necessário ter e consumir. É importante observar as concepções que os alunos têm sobre felicidade e o que é capaz de proporcioná-la, pois as respostas para a pergunta sobre o que nos faz verdadeiramente felizes deve ir além da mera concepção de consumo.

Solicitar que os alunos compartilhem suas respostas para serem comentadas.
O professor deve ouvir com atenção seus alunos e, ao comentar as respostas, começar a instigá-los sobre o verdadeiro sentido da felicidade, tal como Aristóteles define, que será visto nas aulas seguintes.

Aula 3


Ler e comentar em sala os trechos selecionados da obra de Aristóteles intitulada “Ética a Nicômaco”.

Livro I – Parte 4: introdução à ideia de felicidade e viver bem.
O significado do termo grego eudaimonia, traduzido como felicidade, não se refere apenas ao sentimento, mas corresponde a uma forma de atividade, ligada ao bem estar, e possível pelo conhecimento e pela educação.

Livro I – Parte 5: apresentação dos três tipos de vida.
Muitos associam o bem com o prazer, satisfazendo-se com o gozo. Neste ponto Aristóteles remete a três tipos de vida: a que acabou de ser indicada, voltada para o “comer e beber”, a da política, que relaciona o bem à honra1, e a da especulação.
O professor pode, no final da leitura desta parte 5, retomar o conceito ideológico das campanhas publicitárias (visualizadas nas duas primeiras aulas) e mostrar no texto aristotélico como a riqueza (que vinculamos ao consumo) não é o bem supremo, mas um útil sem valor em si mesmo.


Livro I – Parte 6: início do exame da noção de bem universal.
Aristóteles se refere às Categorias e classifica o bem e o bom como predicados. O bem coisas boas em si mesmas e coisas boas como um meio para essas primeiras. O bem que deve ser tratado é o alcançável pelo ser humano, por isso Aristóteles deixa de lado a discussão sobre o Bem Ideal.

Livro I – Parte 7: Definição do bem supremo
A soma das finalidades da vida humana constitui o bem e a ação humana corresponde ao bem praticável. O bem mais excelente constitui, então, a finalidade que em si mesma é mais completa. A felicidade, pois, deve ser o fim de todas as nossas ações, não o meio. Neste momento o professor pode retomar a expressão presente nas campanhas da Coca-Cola, “abra a felicidade”, para ilustrar este trecho do texto. Cabe ressaltar que a função do ser humano é agir corretamente de forma constante e quando suas ações estão de acordo com sua excelência e suas faculdades com as virtudes tem-se o sumo bem.

Exibir o trecho do filme “Alexandre" e, com os alunos, identificar características do pensamento de Aristóteles. No diálogo com seus discípulos, Aristóteles afirma “as coisas em excesso destroem o homem” e “exercitamos o controle dos nosso sentidos – moderação é o que esperamos”. Estas concepções refletem o caminho para se atingir a felicidade e o bem comum: os atenienses, então, são soberanos aos persas por agirem virtuosamente.

Aula 4


Retomar as ideias presentes no trecho de filme – noção de excelência (virtudes).

Leitura comentada dos trechos finais do Livro I da “Ética a Nicômaco”.
Aristóteles continua a definir a felicidade como um tipo de atividade da alma e explica que os animais e as crianças não são felizes porque não são capazes de atos nobres. Segundo o autor, dizer que uma criança é feliz significa nutrir expectativas pelo seu futuro. O professor pode voltar aos comerciais existimos_felizes e mcdonalds para mostrar que os senhores destas campanhas seriam mais virtuosos.
O professor deve ressaltar que a felicidade está nas ações e as virtudes que devem ser consideradas são as humanas e que Aristóteles estabelece as divisões da alma e classifica as virtudes como intelectuais e morais.


Aula 5

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O que é tristeza para você?
Hélio Leites


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O que é tristeza para você?
Márcio Moreno


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O que é tristeza para você?
Rita Pires



Assistir aos depoimentos de Hélio Leites, Márcio Moreno e Rita Pires (da série de vídeos “O que é tristeza para você”) e identificar em quais momentos o discurso aristotélico sobre a felicidade aparece.

Helio Leites questiona o porquê da tristeza ser boa e complementa “eu não penso... imagino e faço”. Relacionar à ideia do homem, em meio aos outros, compreendido como ação.
Como visto no Livro I da "Ética a Nicômaco", as ações humanas racionais constituem o caminho para a nossa finalidade.

Abordar a questão da felicidade relacionada às nossas ações a partir do exemplo dado por Márcio Moreno.
O professor pode retomar a parte 10 para explicar como a felicidade e a virtude estão na disposição e dedicação do ser humano em fazer o que se propõe.

Comentar a afirmação que Rita Pires faz sobre a diferença entre “tristeza” e “ser triste”. A artista aborda um aspecto que falta ao ser humano e que é responsável pela felicidade. “O que todo mundo precisava (…) é ter aquelas coisas simples de olhar para a pessoa, agradecer, falar com delicadeza (…) são miniaturas da vida que fazem a diferença”. A partir deste trecho, retomar os ideais apresentados pelas campanhas publicitárias e discutir com os alunos se a ideologia presente na mídia corresponde às virtudes abordadas por Aristóteles.
Este é o momento de retomada das questões abordadas anteriormente. O professor deve diferenciar o prazer momentâneo, muitas vezes ligado ao desejo e consumo, do objetivo maior para o ser humano que é a felicidade plena alcançada pela nossas ações.

Aula 6


Solicitar aos alunos a produção de uma dissertação que aborde os conceitos trabalhados (ideologia, felicidade, meio-termo, virtudes) e contemple a questão “A felicidade é individual ou alcança sua plenitude ao relacionar-se com o bem comum?”.
Espera-se na conclusão desta sequência de aulas que os alunos sejam capazes de argumentação e identificação dos conceitos aristotélicos desenvolvidos (viver bem, bem comum, meio-termo, felicidade na relação entre os homens).
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