Disciplina - Filosofia

Valores e atos morais

Observando os costumes, percebemos que estamos sempre olhando as pessoas e as coisas avaliando, emitindo juízos de valor sobre cada situação. Professor! Passe no quadro de giz as seguintes questões para a discussão, de preferências em grupos:

Com base em que valores julgam o que acontece ao seu lado?
Quais são os valores que predominam em sua comunidade? Você concorda com eles, discorda, por quê?
Pelas discussões anteriores percebemos que os valores morais variam de uma sociedade para outra e de uma época para outra. O que é moral para você?
Existem ou não valores morais válidos para todos os homens?
Como justificar a classificação das ações em moralmente corretas ou incorretas, justas ou injustas, boas ou más?

A partir destes questionamentos, solicite que se organizem em grupos de até 5 alunos para discutirem as questões, anotarem a síntese e apresentar para a turma após 20 minutos de discussão. Vamos ouvir a fala dos estudantes e ao final organizar uma sintese integradora das atividades até o presente.

SUGESTÃO: Outra atividade interessante é a organização de um glossário de termos que os estudantes irão se apropriar ao longo das aulas de Filosofia. Para esta atividade, sugerimos a visita a sites que disponibilizam glossários on-line, onde os estudantes poderão conhecer a sua organização para que se organizem. Este glossário pode ser realizado no caderno do aluno, no final das páginas. Em um edital na sala, onde vão se acrescentando palavras a medida que descobrem o seu significado filosófico, ou mesmo on-line, usando servidores de escrita colaborativa (maiores informações em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/links_interacao.html?categoria=204)

DICIONÁRIO DE FILOSOFIA. Disponível em: http://www.filosofia.com.br/dicionario.php . Acessado em 11/04/2010.

Passe no quadro de giz a citação abaixo para discussão:

O aumento do grau de consciência e de liberdade, e, portanto de responsabilidade pessoal no comportamento moral, introduz um elemento contraditório que irá o tempo todo, angustiar o homem: a moral, ao mesmo tempo em que é um conjunto de regras que determina como deve ser o comportamento dos indivíduos de um grupo, é também a livre e consciente aceitação das normas. (ARANHA; MARTINS, 1986, p. 304)

Percebemos que uma atitude somente será moral se estiver de acordo com nossa opinião, nossas ideias, nossa aceitação pessoal da norma. Somente livres poderemos agir de acordo com nossa consciência, com responsabilidade nas decisões tomadas. Este é o caráter pessoal da moral. Quando nos referimos ao caráter social e pessoal da moral, poderemos agir de acordo com o dogmatismo ou legalismo (ARANHA; MARTINS, 1986, p. 304), fortalecendo a lei, mas ao mesmo tempo, incutindo nas pessoas o medo a não-observância da lei. Se aceitarmos o individualismo, corremos o risco em não haver mais a moral, uma vez cada ser humano poderá impor seus desejos e vontades, ou seja, na ausência de princípios.

A partir do momento que o homem passa a viver no mundo moralmente estruturado, este deve se apropriar de uma consciência moral, orientando suas escolhas e seu discernimento. O agir humano é caracterizado pela capacidade de antecipar-se ao resultado a ser alcançado, tornando o ato moral propriamente voluntário. Neste sentido o ser humano possui o desejo e a vontade. Sendo o desejo algo natural do ser humano, mas deve ser controlado, para que não seja negada a moral.

A complexidade do ato moral reside no fato que ele provoca efeitos não só na vontade, mas naqueles que a cercam e na própria sociedade como um todo [...] para que um ato seja considerado moral, ele deve ser livre, consciente, intencional, mas também é preciso que não seja um ato solitário. (ARANHA; MARTINS, 1986, p. 307)

Para ilustrar o texto apresentado, vamos ouvir este áudio do Portal do Professor:

Recurso: Temas recorrentes na literatura: corrupção e ética: parte 1 [Categorias Literárias] ·
Objetivo do recurso: Abordar o descompasso da evolução técnica e científica em relação à evolução moral e ética. Propor reflexão crítica sobre a temática. Relacionar literatura, aspectos gramaticais e processo histórico.
Link: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=9970

Reproduzimos o texto “O novo manifestado” publicada em Vida Urbana de Lima Barreto:

Eu também sou candidato a deputado. Nada mais justo. Primeiro: eu não pretendo fazer coisa alguma pela pátria, pela família, pela humanidade. Um deputado que quisesse fazer qualquer coisa dessas, ver-se-ia bambo, pois teria, certamente, os duzentos e tantos espíritos dos seus colegas contra ele. Contra as suas ideias levantar-se-iam duas centenas de pessoas do mais profundo bom senso. Assim, para poder fazer alguma coisa útil, não fará coi­sa alguma, a não ser receber o subsídio. Eis aí em que vai consistir o máximo da minha ação parlamentar, caso o preclaro eleitorado sufrague o meu nome nas urnas. Recebendo os três contos mensais, darei mais conforto à mu­lher e aos filhos, ficando mais generoso nas facadas aos amigos. Desde que minha mulher e os meus filhos passem melhor de cama, mesa e roupas, a humanidade ganha. Ganha, porque, sendo eles parcelas da humanidade, a sua situação melhorando, essa melhoria reflete sobre o todo de que fazem parte. Concordarão os nossos leitores e prováveis eleitores, que o meu propósito é lógico e as razões apontadas para justificar a minha candidatura são bastante ponderosas. De resto, acresce que nada sei da história social, política e intelectual do país; que nada sei da sua geografia; que nada entendo de ciências sociais e próximas, para que o no­bre eleitorado veja bem que vou dar um excelente deputado. Há ainda um poderoso motivo, que, na minha consciên­cia, pesa para dar este cansado passo de vir solicitar dos meus compatriotas atenção para o meu obscuro nome. Ando mal vestido e tenho uma grande vocação para elegâncias. O subsídio, meus senhores, viria dar-me elementos para realizar essa minha velha aspiração de emparelhar-me com a deschanelesca elegância do senhor Carlos Peixoto. Confesso também que, quando passo pela Rua do Passeio e outras do Catete, alta noite, a minha modesta vaga­bundagem é atraída para certas casas cheias de luzes, com carros e automóveis à porta, janelas com cortinas ricas, de onde jorram gargalhadas femininas, mais ou menos falsas. Um tal espetáculo é por demais tentador, para a minha imaginação; e, eu desejo ser deputado para gozar esse paraí­so de Maomé sem passar pela algidez da sepultura. Razões tão ponderosas e justas, creio, até agora, nenhum candidato apresentou, e espero da clarividência dos homens livres e orientados o sufrágio do meu humilde nome, para ocupar uma cadeira de deputado, por qualquer Estado, pro­víncia, ou emirado, porque, nesse ponto, não faço questão alguma. Às urnas. Correio da Noite, Rio, 16-1-1915.

FONTE: WIKISOURCE. O novo manifesto. Disponível em: http://pt.wikisource.org/wiki/O_novo_manifesto . Acessado em 27/03/2010
Esta atividade foi extraída da aula A evolução moral e ética e seus reflexos na sociedade contemporânea, da professora Rosangela Menta Mello, de Telêmaco Borba/PR, disponível no Portal do Professor/ MEC e acessada em 12/07/2013. Todas as informações contidas nela são de responsabilidade da autora.
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